domingo, 13 de março de 2011

Batman: A Piada Mortal



Quando falamos sobre HQ’s clássicos e de leitura obrigatória, com toda certeza falaremos sobre “Batman: A Piada Mortal”, um HQ impressionante que retira os holofotes do Morcegão, direcionando as atenções a Coringa, seu eterno vilão. A Piada Mortal tem autoria de Brian Bolland e do imortalizado Alan Moore, o que já garante a obrigatoriedade de conferir o que o excêntrico autor idealizou.


O HQ começa com o plano de Coringa de dilacerar psicologicamente o comissário Gordon, conhecido personagem das histórias do homem morcego. Coringa tem a intenção de mostrar que, para qualquer pessoa, “um dia ruim” pode ser o suficiente para passar a linha tênue que separa a loucura da sanidade.

O vilão e seus capangas invadem a casa do comissário Gordon e, na sua frente, atiram em Bárbara Gordon (que já assumira a identidade de Batgirl em algumas edições de Batman) causando um grave ferimento em sua coluna, que culminará em sua paralisia.
O comissário é capturado e levado para um antigo circo, onde o Coringa planejou diversos modos para torturá-lo, incluindo fotos de sua filha, machucada e supostamente violentada.


A história segue simultaneamente contando a origem de Coringa, sendo esse um comediante fracassado, com enormes dificuldades financeiras, que o impedem de garantir os cuidados necessários para sua esposa grávida e, conseqüentemente, do futuro filho. Com o intuito de obter dinheiro ele aceita participar de um roubo, porém, antes da realização deste último, sua esposa morre em um acidente doméstico, tirando lhe a motivação para realizar o roubo e mesmo para viver.

Mesmo sem os motivos para fazê-lo Coringa ainda é obrigado a participar do ato criminoso, visto o seu comprometimento anterior. Nos eventos do roubo, perseguido por Batman, Coringa sofre um acidente com os produtos químicos contidos no local, se tornando o insano vilão de cabelos verdes e pele branca que todos conhecemos.


Ele estava errado?




Como dito anteriormente, todos os eventos planejados por Coringa tem o intuito de provar as conseqüências de um dia ruim. Não direi se o vilão conseguiu provar seu ponto de vista com o sofrimento causada ao comissário Gordon, porém, o que me encantou nessa história foi à dualidade que alguns dos acontecimentos finais fazem em relação a Coringa e Batman.

No final (sem spoilers) Coringa contará “a piada mortal”, contida em apenas duas páginas da edição. Somente essas duas páginas já valem a compra dessa obra de Alan Moore, pois são de uma filosofia sutil e fascinante.

Elas nos fazem pensar se Batman não é tão louco e insano quanto Coringa, vista a conhecida origem de Morcegão (a morte de seus pais), o seu “dia ruim”. O que os separa, talvez, sejam apenas as possibilidades ou situações que ambos tiveram, após os eventos perturbadores em suas vidas. Retirando a pompa que todo defensor da justiça tem, é interessante pensar sobre o que todos achariam sobre qualquer um que vestisse uma roupa de borracha com referências a um morcego, sair durante a noite e bater nos caras maus. Ainda mais para Bruce Wayne, jovem rico, que poderia ter a vida com os maiores luxos possíveis e defender as boas causas de outras maneiras, menos arriscadas.

Ao assistir Dark Knight, com a sensacional atuação de Heath Ledger, tive ótimas lembranças da minha leitura da Piada Mortal, principalmente na passagem na qual o Coringa afirma sua existência devido à existência de Batman, a função de dependência entre os dois. Não é um fato diretamente relacionado à possível insanidade de ambos, mas me remeteu a essa passagem do HQ, o que muito me agradou.



A Piada Mortal é altamente recomendada para fãs e não fãs de Batman, a história é incrível, a de se citar também a qualidade gráfica que se sobressai, além da coloração muito bela, que ajuda na imersão no clima proposto.


Contato: shadowplayer@espiraldestrutiva.com
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