Este post tem por objetivo sopesar sobre a obra de Mark Millar, Super Homem: Entre a Foice e o Martelo, a trilogia que virou Cult nos quadrinhos e indispensável para qualquer fã do homem de aço.
A intenção não é contar detalhes da história, então se você pretende ler este conteúdo não se preocupe com Spoilers.
A intenção não é contar detalhes da história, então se você pretende ler este conteúdo não se preocupe com Spoilers.
Entre a Foice e o Martelo
Lançado no ano de 2004, Entre a Foice e o Martelo poderia ter sido ofuscado pela onda de realidades alternativas que envolviam um grande número de heróis, nas frustradas tentativas de revitalizar um ou outro personagem, porém Mark Millar, autor da obra, foi responsável por um roteiro extremamente inovador, de cunho político-filosófico, onde a característica Overpower do Azulão é de mínima importância.
Particularmente, nunca tive interesse por qualquer história envolvendo o Homem de Aço, suas capacidades infinitas, sua completa retidão moral e seus problemas cósmicos sempre se mostraram um incômodo desnecessário, mas dessa vez foi diferente.
Entre a Foice e o Martelo trata de uma realidade alternativo onde a nave de Ka-El cai em uma fazendo localizada na URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas) em plena Guerra-Fria. Ao crescer, tendo consciência de seus “dons” e do bem que estes supostamente poderiam oferecer a humanidade, o agora Clark Kent se dirige para Moscou e, ao lado de Stalin, se torna um símbolo de virtude e salvação para o povo.
O Azulão soviético carrega em seu peito, ao invés do famigerado S, a foice e o martelo, símbolo comumente associado ao comunismo, além de suas roupas possuírem tons mais escuros, talvez influência dos “malditos comunistas”, das doses de vodka ou simplesmente um pouco de bom senso de não sair para salvar a população vestido de Bozo.
Nietzsche
Ao longo do quadrinho, ou mesmo ao longo da série da Liga da Justiça, quando a mesma, em alguma realidade alternativa, se tornam os Lordes da Justiça (deixando claro que isso não é um Spoiler) é possível observar que Super-Homem se corrompe ou mesmo se confunde em seus ideais de paz e prosperidade.
Clark Kent percebe a suposta incapacidade humana (tendo como base comparativa seus próprios conceitos e premissas) de tomar as decisões corretas para sua evolução, ou em nível mais extremo, para sua simples salvação. Em diversas passagens esperamos que o Azulão fosse se cansar de cumprir sua ementa de bom menino e fosse partir para um regime totalitário, baseado na sua suposta boa conduta e força.
Os criadores de Super Homem, Jerry Siegel e Joe Shuster, são dois judeus que ao que tudo indica foram extremamente influenciados por Nietzsche para a criação do herói. O conceito que a dupla aparentemente adotou foi o de Übermensch, o super-humano, relativo à possibilidade de se alcançar um estado de perfeição física e mental, conceito dito como grande influência na campanha nazista de limpeza racial.
Para o Übermensch a compaixão é um mal a ser aniquilado, pois o conceito de Übermensch visa que a evolução é alcançada pela sede de poder, sendo esse o foco principal, logo, a compaixão é um empecilho para tal alcance de poder.
Apesar da quase corrupção do Azulão, o mesmo não se rende a tentação do poder totalitário e, caso isso acontecesse, ele estaria sendo movido pela compaixão, fato que contrasta com o Übermensch. Também é necessário citar que o Super Homem já teria alcançado o status de perfeição física e intelectual.
Deste modo a comparação com Nietzsche parece falha, porém, nunca foi dito que o super-humano de Nietzche seria Clark Kent. Na verdade todas as características do Übermensch estão contidas na imagem de Lex Luthor.
Este não será abordado com detalhes nesta análise, pois o mesmo é a grande estrela de “Entre a Foice e o Martelo” e qualquer fato seria um Spoiler. A leitura do quadrinho será muito melhor aproveitada com a visão acima citada, percebendo as sutilezas inseridas por Mark Millar no personagem.
A obra no geral já alcança o status de clássico e afirmo que seu final é um dos mais surpreendentes vistos até hoje no Universo DC, vale a pena conferir.
Contato: shadowplayer@espiraldestrutiva.com
Clark Kent percebe a suposta incapacidade humana (tendo como base comparativa seus próprios conceitos e premissas) de tomar as decisões corretas para sua evolução, ou em nível mais extremo, para sua simples salvação. Em diversas passagens esperamos que o Azulão fosse se cansar de cumprir sua ementa de bom menino e fosse partir para um regime totalitário, baseado na sua suposta boa conduta e força.
Os criadores de Super Homem, Jerry Siegel e Joe Shuster, são dois judeus que ao que tudo indica foram extremamente influenciados por Nietzsche para a criação do herói. O conceito que a dupla aparentemente adotou foi o de Übermensch, o super-humano, relativo à possibilidade de se alcançar um estado de perfeição física e mental, conceito dito como grande influência na campanha nazista de limpeza racial.
Para o Übermensch a compaixão é um mal a ser aniquilado, pois o conceito de Übermensch visa que a evolução é alcançada pela sede de poder, sendo esse o foco principal, logo, a compaixão é um empecilho para tal alcance de poder.
Apesar da quase corrupção do Azulão, o mesmo não se rende a tentação do poder totalitário e, caso isso acontecesse, ele estaria sendo movido pela compaixão, fato que contrasta com o Übermensch. Também é necessário citar que o Super Homem já teria alcançado o status de perfeição física e intelectual.
Deste modo a comparação com Nietzsche parece falha, porém, nunca foi dito que o super-humano de Nietzche seria Clark Kent. Na verdade todas as características do Übermensch estão contidas na imagem de Lex Luthor.
Este não será abordado com detalhes nesta análise, pois o mesmo é a grande estrela de “Entre a Foice e o Martelo” e qualquer fato seria um Spoiler. A leitura do quadrinho será muito melhor aproveitada com a visão acima citada, percebendo as sutilezas inseridas por Mark Millar no personagem.
A obra no geral já alcança o status de clássico e afirmo que seu final é um dos mais surpreendentes vistos até hoje no Universo DC, vale a pena conferir.
Contato: shadowplayer@espiraldestrutiva.com