Atualmente, quando se trata de música, vivemos na época dos rótulos. Para boa parte das pessoas de grande conhecimento e bom gosto musical, que acompanham assiduamente a ótima programação da MTV (devo atentar a ironia contida na última frase, para os mais desavisados), você deve ser Metaleiro, Happy Rock, Emo, ou seja lá qual for a classificação da sua tendência “única e imutável”.
Para a salvação dos mais alternativos e diferenciados ainda temos algumas bandas que conseguem fugir dessas amarras sócio-musicais e despontarem como salvadores dentre aqueles que se abriram ao seu som. Uma dessas bandas incríveis é o My Chemical Romance.
A banda surgiu em New Jersey quando Gerard Way, o vocalista, e Matt Pelisser, ex-baterista, se uniram com a intenção de compor algumas músicas. Impulsionados pelo atentado terrorista de 11 de setembro de 2001 foi composta a primeira música da banda “Skylines and Turnstiles”. Com a entrada de Ray Toro (guitarrista), Frank Iero (guitarrista de base) e Mikey Way (baixista) ,irmão de Gerard, eles compuseram o primeiro CD “I Brought You My Bullets, You Brought Me Your Love (comumente chamado apenas de “Bullets”).
O nome da banda foi um sugestão de Mikey Way, que na época da criação trabalhava em um biblioteca e o título de um livro de Irvine Welsh chamou sua atenção, “Ecstasy: Three Tales of a Chemical Romance”.
Bullets foi produzido em apenas duas semanas e lançado pela Eyeball Records. As vendas e as críticas mostram o sucesso que foi o álbum, mas o interessante notar, e o que mostra e peculiaridade do My Chemical Romance, é que o som da época era totalmente diferente do que hoje é produzido pela banda, creio que todas as faces do MCR jamais serão conhecidas. Todas as músicas eram carregadas de velocidade, letras furiosas, gritos e até mesmo pouca maturidade, mas o que não diminui a qualidade do CD.
Em 2004, agora pela Reprise Records, é lançado o segundo álbum da banda, “Three Cheers for a Sweet Revenge (Revenge)”, sendo esse um álbum conceitual (que conta uma história), mais precisamente a continuação da música Demolition Lovers, do Bullets. A sonoridade muda drasticamente se comparado com Bullets, sendo mais melódico e com letras carregadas de diversas emoções (tudo isso sem deixar a velocidade garantida pelas guitarras elétricas e pela bateria frenética). Na época do lançamento a banda começa a ter problemas com o baterista e esse é substituído por Bob Bryar.
A história de Revenge inicia se pela morte de um casal de fora-da-lei, que vão o Purgatório. Para que ele possa novamente se encontrar com ela, sua missão é voltar a Terra e matar mil caras maus. Gerard Way é escritor de quadrinhos e nerd assumido, assim em todos seus trabalhos percebe a influência de sua vasta criatividade. A banda passa a assumir um papel de heróis, não somente nos conceitos de seus álbuns, mas também para seus fãs.
Já em 2006 a banda, novamente, muda totalmente o visual e sonoridade e lança The Black Parade, que conta a história de um paciente em estado terminal, morrendo de câncer. Esse CD, em especial, é extremamente interessante ao ser ouvido do começo ao fim, sem interrupções, sendo ligado por histórias fascinantes e muito bem contadas. A sonoridade passa a ser um pouco mais Rock and Roll, a parte instrumental um pouco mais refinada e bem trabalhada.
Disco de Platina e segundo lugar da Billboard, Revenge e The Black Parade, respectivamente, foram mais dois sucessos originando músicas como Helena, I’m not Okay, Welcome to the Black Parade e Mama. Foram os responsáveis pela regravação de “Desolation Row” para a trilha sonora da filmagem de Watchmen.
Durante a turnê do The Black Parade a banda foi acusada de ser um culto a morte e ao suicídio, por um jornal inglês, culpando os de serem os responsáveis pelo suicídio de uma fã da banda. A banda lutou contra tais acusações (totalmente inconsistentes, diga se de passagem) e criou uma onde da preservação a vida e superação entre seus fãs, sua real intenção com todas as subjetivas letras. Esse fato, ao certo, foi um dos responsáveis por mais uma drástica mudança no estilo e na sonoridade da banda ocorrida com o lançamento do mais novo álbum “Danger Days: The True Life of the Fabulous Killjoys.
Danger Days se passa no ano de 2019 e conta como os Killjoys (estraga-prazeres), alter-egos assumidos pelos membros da banda, lutam contra uma corporação dominadora, Better Living Industries. Auxiliados por Dr. Death Defying, o DJ de uma rádio pirata, sendo este último o narrador da história, por assim dizer.
O lançamento de Danger Days também anunciou a saída do baterista Bob Bryar, por motivo de doença (problemas com o punho) e por “atrapalhar o processo criativo da banda”.
Este último CD esta cheio de sintetizadores e efeitos, uma “pegada” mais pop, mas sem deixar de lado a razão pelo qual a banda conseguiu tantos fãs. Nos clipes até agora lançados desse novo álbum há a participação do Grant Morrison, escritor de quadrinhos, grande influência nos quadrinhos do Gerard Way.
Há muito mais detalhes e fatos sobre a banda, mas que esse post possa elucidar um pouco mais as razões de se ouvir esses grandes músicos.
Alguns videos que valem a pena dar uma olhada:
Planetary (Go!)
Helena
Helena (Acústico)
Contato: shadowplayer@espiraldestrutiva.com
10 comentários:
My chemical romance já FOI uma boa banda, no primeiro e segundo cds.
Muito bom o texto. As palavras usadas e a propriedade que você fala é linda!
Parabéns.
O MCR é um exemplo de uma boa banda com boas músicas, e que consegue a cada álbum evoluir de uma forma brilhante.
Sou fã da banda desde o primeiro CD e, assim como o som produzido por eles, mudei nesses anos.
A única diferença é que das bandas que eu ouvia na época que conheci o MCR só continuo ouvindo eles. A banda conseguiu evoluir sem perder a essência ou precisar seguir as "modinhas" para fazer sucesso e, ao contrário de outras bandas, não ficou fazendo a mesma coisa pra tentar seguir uma fórmula do dinheiro, ou por não ter a capacidade de evoluir e melhorar o que faz...
Uma banda com um talento indiscutível.
Parabéns pelo seu texto.
Os albúns deles são fascinantes sempre, nunca são músicas apenas. Eles contam histórias através deles. Acho incrível, e a banda tem o direito de mudar a sonoridade quando quiser, isso não vai os tornar pior. Todos os albúns são excelentes, principalmente o 3 cheers for sweet revenge, e the black parade :D
\o/ Adoro!! *-* eu adoro-os!! :b
Não é atoa que é minha banda predileta, eles não só fazem música eles criam toda uma atmosfera e uma história entorno das canções. Eles são muito, muito criativos e conseguem juntar bem as melhores talentos de cada integrante.
sao foda no 1°, 2°, 3° e 4° cds, demos, b-sides, covers e principalmente ao vivo!
criatividade?
eh soh produção,.
Conheci a banda lá pelo ano de 2004/05 e realmente é impressionante você parar e analisar cada álbum, cada música e cada verso pois você encontrará uma mensagem inscrita em cada passagem.
O Danger Days, como se esperava, foi um álbum conceitual e caso você o ouça sem parar ao fim do CD você sente a sensação de ter lido um livro do começo ao fim.
Ainda acho o The Black Parade o melhor álbum deles, chega a ser assustador a criação do conceito do álbum, todo ele mostra detalhadamente a passagem do personagem principal até o mundo dos mortos, os clipes, as letras das músicas e a arte do álbum contribuem positivamente para isso.
Sei que estou puxando muita lenha para o MCR, admito sou muito fã da banda, mas honestamente não consigo ver uma banda atual que consiga fazer um trabalho tão complexo e que consigam desempenhá-lo com tamanha maestria como o MCR.
Até hoje não encontrei nenhuma outra banda que tenha evoluído tanto em cada CD lança.Depois do Black Parade pensei que talvez não surpreendem-se mais,mas quando ouvi as novas músicas notei uma grande evolução.A mudança na sonoridade ou estilo de música só mostra que são uma banda rara que cada vez captará mais adeptos.Não é qualquer um que tem a capacidade de apreciar toda a essência mágica das suas músicas e a história por detrás delas.Ouvi-las é como ver um filme,é apelar ao nosso imaginário.Ver a qualidade deste grupo não está ao alcance de todos.
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